A esperar pelo dia de te conhecer...

Durante este tempo todo, imaginei, sonhei de como seria o nosso primeiro encontro, da melhor forma de nos conhecermos, até que depois desesperava por não poder torná-lo realidade, ficava apenas naquele enorme conjunto de sonhos ou esperanças que tenho na minha mente e naquelas memórias que alguém me transmitiu como ela dizer a alguém: “quem me dera estar aqui o meu irmão para brincar comigo” (palavras que me tocaram bastante e me apertaram com uma enorme força para continuar a acreditar de que vou conhece-la e que ela vai gostar de mim tal como sou). Sonhava com o dia esperado, com a melhor forma de lhe dizer: “olá, eu sou o teu irmão que não conheces”, de como ela reagiria depois dessa notícia, se ela iria depois gostar de mim ou se me ia ignorar ou repudiar…Um conjunto de incertezas que tenho na minha cabeça, mas tenho uma única certeza, é a de que quero conhece-la, conhecer aquele ser que já foi tão magoado na sua vida, mal tratado como se fosse um animal, ou um monstro, mal falado por certa gentinha estúpida que não o compreende, não compreende que desde as raízes da vida dela até ao que ela passou é um poço do inferno, que se transmite depois na mente dela, quero abraça-la, quero protege-la de toda a porcaria que aparece na “estrada” da qual ela percorre todos os dias, quero poder dizer-lhe: “Ninguém te fará mal, pois eu estou aqui, para o que quiseres!” Ansiava por esse dia, com um aperto no coração, cheio de receio, estranho, pois ao mesmo tempo que queria conhece-la, estava cheio de medo, parecia que me estava a sair o coração pela boca, pouco falava e o que falava era:” ai, e se ela não gosta de mim? E se ela não acreditar em mim, apesar de eu apresentar-lhe as provas de que somos da mesma mãe?”, felizmente tenho amigos que me apoiam e me dão força para ir lá, para aproveitar esta oportunidade que posso não vir a ter, e de que se não for, posso me vir a arrepender depois, já que a nossa distancia pode ser maior do que é, pelo que, os meus ouvidos já me disseram…

Medo

Naquele momento, em que me sentia um estranho puxado por um grande alma, senti-me preso, senti-me forçado a fazer alguma coisa, obrigado a roer-me por dentro, a verter outra vez lágrimas, não quero perder-me naquelas ilusões todas. Deus? deus de que? se eu perdi quem amava mais neste mundo, se nunca tive alguém que me dissesse boa noite com um beijo sobre a testa, uma voz feminina em casa que me confortasse nos momentos que eu mais preciso, porque raio hei-de acreditar nessas tretas todas, andei em tempos crente dessas ilusões, ate deixar de sonhar, até abrir os meus olhos e ver a realidade que me rodeia, agora estarei afastado desse assunto, afastarei-me desse medo, não estarei naquele local da qual me traz esse medo, mesmo que as pessoas de quem gosto, de quem tenho uma profunda amizade queiram-me ajudar e mudar "estes pensamentos negativos" (como as pessoas dizem-me), mas afastarei-me desse medo que me faz tão fraco, mais do que já sou as vezes...

Natal

Natal, tempo de paz e amor,
de convívio com a família,
de esquecer o sofrimento e a dor
das memórias já guardadas
para rejuvenescerem a alegria
das prendas serem trocadas
pelas pessoas tocadas
pelo espírito natalício.

Mas também pode ser
uma altura de tristeza e solidão
por sozinho viver
num mundo de colisão,
de guerras e mortes,
de paixões e desilusões
que nos fazem tão fortes,
mas ao mesmo tempo
tão fracos,
que perdemos a nossa auto-estima
em qualquer momento
da nossa curta vida.

Pois a solidão
é a nossa maior inimiga,
que deixa-nos na podridão
numa linha,
que nunca mais parece acabar
e de nós que nos fazem chorar.

E a pobreza também tenta viver
com o frio do natal
e sem umas migalhas para comer,
pois essas pessoas pobres são rodeadas
ou pelo preconceito do mal,
por parecerem pessoas drogadas
que caminham à procura
da sua “comida divinal”
e que as deixam na loucura
ou por serem encaradas
como uma raridade
e que por isso
não vale a pena alimentá-las.
O natal é assim uma alegria para muitos
e uma tristeza para outros.

A vida é apenas vida, mas há que vive-la…

Na esplanada de um café penso na vida, sobretudo no passado, relembro tantas pessoas que passaram na minha vida e me marcaram, umas pelo lado negativo e outras pelo lado positivo, pessoas que perdi, havendo apenas uma da qual não devia de perder, a mulher da qual eu chamava mãe. Tenho reparado a algum tempo da existência de mães galinhas, da qual aproveitam todo o tempo para estar junto dos seus filhos, e lembro-me dela no momento em devia estar aqui a ouvir estas palavras e abraçar-me tão forte como vi aquela mãe a abraçar tão forte a sua querida filha, pois é a ausência das palavras e de um simples toque dessa ilustre figura que me tornam um rapaz mais duro e frio. Há sempre alguém que me sorri, e que me provoca sorrir também, com olhares e gestos simples, mas a vida continua a ser a mesma: amigos, de paixão em paixão, estudos e nada mais para além de ocupações, actividades das quais ocupo a cabeça, pois encaro a vida como solitária ou uma rotina, há novidades, mas acabam rapidamente como um estalar de dedos. A vida é apenas vida. Mas tento vive-la ao máximo que posso sem aquela mãe, pois se a vida não passar de desilusões e perdas, porque raio existimos? Apesar de pensar nisso, acompanhada pela solidão do momento, viverei com todo o prazer, com todo o sofrimento, com todas as perdas, com toda a esperança que ainda vive em mim e não são as palavras bonitas que se diz, é a capacidade de as sentir e de as transmitir que nos torna seres sinceros e inteligentes. A vida é apenas vida, mas há que vive-la.